O que podemos aprender com a história Fordlândia?
Em 1928, Henry Ford deu início a uma aventura amazônica que poucos anos depois fracassaria. Descubra o que podemos aprender com a história da Fordlândia.
Para dar início a seu projeto, o empreendedor estadounidense arrendou junto ao governo do Pará uma área de 1 milhão de hectares. Saiba mais(...)

Em 1928 a nossa floresta amazônica foi palco de um plano ousado elaborado por Henry Ford, um dos maiores empreendedores da história: a construção da Fordlâdia.
No início do século XX, o Brasil já não era mais uma referência na produção de látex. O mercado mundial do produto havia sido dominado pela Malásia, após a introdução da seringueira no país asiático pelos ingleses.

Henry Ford, porém, enxergava a oportunidade de ter no Brasil uma produção exclusiva de látex para pneus para sua fábrica de automóveis, a Ford Motor Company.
Para dar início a seu projeto, o empreendedor estadounidense arrendou junto ao governo do Pará uma área de 1 milhão de hectares às margens do Rio Tapajós e apenas há um dia e meio de viagem de Santarém.
O empreendimento contou com a construção de uma cidade nos moldes norte-americanos no meio da floresta para os seringueiros e funcionários da companhia. Casas pré-fábricadas, lojas, armazéns, igreja, hospital, cinema... Tudo estava ali.
Além disso, foi realizado o plantio de 300 mil seringueiras de forma ordenada e racional, seguindo as recomendações dos melhores técnicos dos Estados Unidos.
Tudo parecia confluir para o sucesso do projeto, até que uma a uma as seringueiras foram atacadas por um fungo que causava a desfolha e matava as plantas.
A Amazônia havia derrotado Henry Ford!

As lições da Fordlândia: a importância do equilíbrio ecológico
Embora Henry Ford contasse com uma capacidade de investimento que lhe permitiram aplicar as melhores técnicas e tecnologias agrícolas da época, tudo foi em vão.
Sem conseguir resolver os problemas dos fungos que atingiram as seringueiras, o projeto foi abandonado apenas alguns anos após o seu início.
Apenas anos mais tarde, em 1963, começaria a ser desenvolvido o ramo do conhecimento agrícola que poderia ter salvado a Fordlândia: a epidemiologia das plantas, um ramo da fitopatologia.

O que aconteceu para o fracasso do seringal de Ford?
A seringueira é uma planta nativa da Amazônia e tinha sido nessa mesma floresta tropical que o ciclo da borracha havia ocorrido.
Acontece que na natureza a seringueira se espalha pelo território amazônico de forma aleatória, dividindo o espaço com centenas ou milhares de espécies de plantas.

Nessas condições o fungo, que atacou o seringal da Fordlândia, também é comum, porém ele se espalha apenas em algumas folhas sem matar a árvore.
A história dessa aventura na Amazônia serve como exemplo e alerta de produzir sempre com equilíbrio ecológico e respeitando as características de cada local.
Aplicações de técnicas desenvolvidas em locais que pouco - ou nada - tem em comum com as condições locais resultam em grande desgaste ambiental, baixa produtividade e qualidade.
Felizmente essa realidade vem mudando, com cada vez mais profissionais dedicados a agroflorestal, agroecologia e outras formas de produção sustentável, mostrando que o agro é parte fundamental na construção de um mundo verde!
A Amazônia derrota mais um

Henry Ford não foi o único empreendedor estadounidense derrotado pela Amazônia.
Em 1967, Daniel K. Ludwig, comprou um área de mais de 6 mil hectares próximos ao Rio Jari, com o objetivo de produzir polpa de madeira a partir de uma única espécie de árvore, a Gmelina Arborea.
Assim como na Fordlândia, foi construída toda estrutura de uma cidade para abrigar seus funcionários. Em seu auge o Projeto Jari contou com 35.000 trabalhadores.
Logo, porém, o meio ambiente da floresta começou a criar dificuldades.
A Gmelina Arborea não se adaptou a Amazônia, sofrendo com ataques de pragas. Além disso, foram registradas epidemias de malária entre os trabalhadores.
Com o tempo Ludwig tentou diversificar as atividades do Projeto Jari, cultivando eucalipto, pinus, arroz, criando gado, explorando caulim, mas sem sucesso.
Em 1981 o empreendedor desistiu do projeto e no ano seguinte repassou a propriedade a um consórcio de empresários brasileiros.
Continue acompanhando nosso blog e tenha acesso a mais histórias, informações e curiosidades sobre o agronegócio! Até a próxima!
Referência: Novos Ângulos da História da Agricultura Brasileira – Embrapa, 2010.
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