A evolução da irrigação e a agricultura no nordeste brasileiro
Construir um mundo verde é também permitir que agricultores exerçam sua atividade com dignidade e rentabilidade. Com a irrigação agrícola esse objetivo é possível de ser alcançado.
O clima semiárido fez com que durante muito tempo a agricultura no nordeste fosse voltada à subsistência. Como a irrigação mudou essa história? Saiba mais(...)
A agricultura no Nordeste brasileiro por muito tempo foi voltada, em sua maioria, à subsistência dos bravos habitantes da região semiárida.
Com o término do ciclo da cana de açúcar, ainda no Brasil colônia, o centro econômico do país foi deslocado para a região sudeste. Fato reforçado pela mudança da capital de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, em 1763.
A partir desse momento a região nordeste sofreria com o descaso do poder público, o que marcaria profundamente a história da região.
O clima semiárido levava à secas prolongadas e tornava a sobrevivência, e a agricultura, naquele ambiente um exercício de força e fé.
A situação começou a mudar apenas na segunda metade do século XX, quando Juscelino Kubitscheck fundou a SUDENE, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - parte do plano desenvolvimentista “50 anos em 5” liderado pelo Presidente JK.
O panorama agrícola da região, contudo, seria transformado definitivamente a partir da evolução da agricultura irrigada.
A agricultura irrigada transformando uma região
Os moradores do semiárido brasileiro já tinham suas técnicas para produzir em um clima tão hostil a atividade agrícola, se valendo, principalmente, do Rio São Francisco, o Velho Chico.
Os métodos tradicionais, no entanto, como a captação de água na beira do rio e por meio de rodas de água e as técnicas de inundação, eram muito trabalhosos e pouco efetivos.
Uma das primeiras medidas a partir da implantação da SUDENE foi a realização do Plano de Aproveitamento Integrado dos Recursos Hídricos Integrados, que mapeando as potências e disponibilidades hídricas da região.
Esse plano forneceu a base de dados para a perfuração de poços e implantação de barragens que criaram as condições necessárias para os passos a seguir.
A chegada da irrigação mecânica no nordeste foi fruto de um programa realizado em conjunto pela SUDENE e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Nesse programa os órgãos realizaram pesquisas com o objetivo de identificar as regiões mais propícias à transição para a agricultura irrigada.
O primeiro município a fazer parte do programa foi Petrolina, em Pernambuco, hoje é um dos principais polos produtores de frutas do país, tendo sido escolhido por suas condições ambientais favoráveis.
Os novos projetos de irrigação substituíram os métodos tradicionais: para captação da água, moto-bombas e bombas-elétricas foram instaladas, enquanto as técnicas de inundação foram substituídas pela aspersão.
O pivô central é peça chave nesse novo momento, permitindo o cultivo das mais diversas culturas mesmo em condições climáticas desfavoráveis.
Reprodução: Estadão / Tiago Queiroz / AE
Irrigação e safra na atualidade
Reprodução: Estadão / Tiago Queiroz / AEComo resultado dessa evolução, em 2010, segundo dados da "Embrapa, o Rio São Francisco irrigava uma área de 100 mil hectares, permitindo o alcance de 2,5 safras por ano com altíssima produtividade.
Essa mudança favoreceu o cultivo de culturas mais valorizadas, o que foi essencial para o financiamento dessa transformação.
Com o desenvolvimento contínuo dos sistemas e equipamentos de irrigação, não temos dúvidas de que o nordeste brasileiro tem um potencial ainda maior a ser explorado!
Construir um mundo verde é também permitir que agricultores exerçam sua atividade com dignidade e rentabilidade. Com a irrigação agrícola esse objetivo é possível de ser alcançado.
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